sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Memória curta

E aí a gente vai largando as chaves, o celular, o papelzinho com o telefone do marceneiro... E nunca sabe onde deixou. Onde foi mesmo que eu larguei a caneta? Hum, eu conheço aquele cara não sei de onde... Como é mesmo o nome dele?

Você é assim também? Memória fraca, né? Será que é a idade que vai chegando... Ou será sabedoria?

Eu gosto de deletar certas coisas da mente. Se a gente descarta alguns pensamentos, é porque eles não são importantes mesmo.

Outro dia eu esbarrei numa pessoa no shopping. Olhei, olhei, e senti que aquele rosto era familiar. Cumprimentei educadamente, mas não parei para conversar. Acredito que o meu sorriso foi o suficiente pra disfarçar o esquecimento.

Horas depois, em casa, bingo!!! Lembrei de onde eu conhecia aquela cara. Foi alguém do passado que me magoou. A gente brigou e nunca mais se viu. Senti um alívio danado por não ter lembrado da mágoa naquela hora.

E descobri que memória curta não é coisa da idade, não... É sabedoria mesmo. Esquecer um ressentimento é coisa de gente grande. Gente de bem com a vida. Gente que não se ocupa de remoer mágoas.

Essa coisa de lembrar só o que é importante e feliz é a tal memória seletiva. Coisa que todo mundo deveria fazer. O mesmo com os olhos e ouvidos... Ouça e veja só o que faz bem pra alma.

Sabedoria pra mim é isso: Ficar esquecido de episódios tristes. Surdo de ruídos nocivos. Cego de visões distorcidas... Enquanto a memória falha, eu vou ficando melhor como pessoa... E lembrando só do que vale a pena. Do que é necessário. Só o essencial.

Confesso que esqueci onde larguei a chave do carro... Mas eu lembrei de uma coisa ótima:
Não tenho a menor idéia do que me aborreceu ontem...

Porque hoje eu estou muito feliz!

Texto de Lena Gino





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